quinta-feira, 30 de abril de 2009

Micro Pénis

Extensores mecânicos para o pénis permitem aumentar o seu tamanho em 32% em repouso e 36% em erecção, proeza conseguida por médicos da universidade de Turim, à custa de muita paciência e algumas dores provocadas pelo uso de um aparelho extensómetro 4 a 6 horas por dia durante 6 meses.

O que mais me impressionou nesta noticia foi o conceito de "micro pénis" universo ao qual parece ser dirigida a terapia.
Se mais 30% num instrumento com 15 cm é passar de algo vulgar para uns invulgares 20 cm, já os mesmos 30% em algo de 5 cm ou seja passar a ter o comprimento vertiginoso de 6,5 cm me parece chover no molhado. Ou não?

O conceito de “repouso” ou seja a forma politicamente correcta de dizer “murcho” também, confesso, nunca me tinha assolado o espírito. Nunca mais vou poder dizer “estou a repousar” da mesma forma que o disse até aqui.
Nem nunca mais poderei dizer “que tenham um fim-de-semana repousado”

Etica Financeira

Face ás convulsões económicas que atravessamos faz sentido continuarmos a apostar em mais do mesmo?
As empresas têm valor ético? As pessoas têm mais direitos que as empresas?
Á primeira vista a resposta parece ser, não.

Nos anos 70 as coisas eram simples, quanto maior era a empresa maior os salários dos seus dirigentes, por isso esses gestores, PDG´s, President Directeur General, procuravam maioritariamente fazer crescer as suas empresas diversificando as aquisições e construindo impérios. Esses conglomerados eram o modelo de empresa da época.

Nos anos 80, surgiram as empresas especializadas em Oferas Públicas de Aquisição hostis, OPA´s, que depressa passaram a ser a nova elite, e cujo papel consistia em adquirir os conglomerados anteriormente constituídos e de seguida proceder à venda das suas actividades periféricas, para fazer crescer o seu valor em bolsa.

Estas operações requeriam o recurso a investidores institucionais que incitaram as empresas a se concentrar numa única actividade em detrimento da diversificação, reservando-se a eles próprios o papel de gestão de carteiras, e ás empresas apenas a gestão da sua competência especifica, abrindo assim as portas á deslocalização.

Os gestores destes fundos de investimento exigiram aos PDG´s que se concentrassem no valor em bolsa já que a sua remuneração dependia do crescimento do valor das suas carteiras, encorajando simultaneamente os conselhos de administração a indexar a remuneração dos PDG´s ao valor das respectivas acções. As "stock-option", ou seja, largas fatias da empresa, surgiram assim como complemento de remuneração, permitido a sua venda a preços correntes com preços de aquisição do ano anterior... simples.

Nos anos 90, o numero de analistas financeiros explodiu... para além do simples facto de trabalharem para bancos com interesses em empresas que eles próprios eram incumbidos de avaliar, geralmente eram competentes apenas num único sector de actividade mas acabavam por influenciar muitos outros. A estratégia dos PDG´s passou a ser a de se fazerem notar por estes analistas como forma de influenciar o valor as suas acções em bolsa.

Os ganhos passaram a ser estimados trimestralmente, aumentando a quantidade de estimativas das agências financeiras, servindo estas estimativas para influenciar o valor das acções e em consequência o remuneração dos gestores. A Fortune 500 estimou que os ganhos destes PDG´s foram multiplicados por 100 em 30 anos.

Claro que a meio caminho foi preciso contratar Directores Financeiros para gerir a imagem pública destas empresas e fazer declarações de dividendos, por forma a influenciar as estimativas dos analistas. A certa altura era até mais importante a capacidade de os surpreender do que os ganhos que se anunciavam.

A batota e a mentira, faz assim parte deste sistema intrincado de interesses cujo objectivo final é o lucro... não é demais lembrar que o lançamento de "junk bonds" para financiar as OPA´s hostis esteve na base de crash de 87, e agora os hedges funds estão da base da actual.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Estimulação Intelectual

“Por uma nota de 100, uma rapariga emprestava-nos os seus discos de Bartok, jantava connosco e depois deixava-nos ficar a ver enquanto tinha uma crise de ansiedade. Por 150, podíamos ouvir rádio FM com duas gémeas. Por três notas, era o tratamento completo: uma esbelta morena judia fingia ir buscar-nos ao Museu de Arte Moderna, deixava-nos ler a sua tese de mestrado, envolvia-nos numa discussão estérica sobre o conceito que Freud tinha das mulheres e depois simulava um suicídio à nossa escolha - para alguns tipos, era um noite perfeita. Um belo esquema. Grande cidade Nova Iorque.”
Contos de Woody Allen.

Agora é a blogoesfera que nos estimula? E à borla...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Na onda

Intelectuais famosos continuam a ver no "povo" uma manada desorientada que precisa ser guiada, para seu próprio bem, dada a "natural estupidez do homem comum". Cabe assim a estes senhores criar-nos as ilusões necessárias, simples mas psicologicamente eficazes para que sejamos apenas espectadores interessados face ao que se passa mas nunca participantes para além do necessário condicionamento a que nos sujeitam na altura dos votos.

A ideia de "manada" é a mesma subjacente à ideia de "rebanho" esta veiculada pela Igreja.

O que é certo é que para nos encaixarmos no sistema, na escola, no trabalho, nas relações pessoais, na sociedade, temos que cumprir regras, ordens, e sujeitarmo-nos a fazer por vezes o que não queremos. Não podemos sair da "linha" por assim dizer, se o fizermos corremos o risco de perder e de sermos marginalizados, portanto de uma forma ou de outra acabamos por entrar na onda.

Também na onda cultural que chega através das mais variadas formas, pensada provavelmente de forma intencional, leva-nos ao narcisismo e favorece uma introspecção do ego em detrimento da nossa vontade juvenil de mudar o mundo, tornando-o num local idílico de paz e prosperidade universal tão bem descrito em qualquer discurso de qualquer candidata a miss-mundo.

Nesta onda de futilidade, apegamo-nos ás coisas superficiais da vida esquecendo progressivamente outros valores humanos mais gerais, da mesma forma que no nosso dia-a-dia não procuramos "o sentido da vida" provavelmente demasiado esmagador, antes nos distraímos e esgotamos o nosso tempo com mil e uma ocupações e relacionamentos.

Se calhar, não é assim tão mau pertencer à manada

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sustentabilidade

Politica sustentável, relações sustentáveis, arquitectura sustentável, economia sustentável tudo passou a ser sustentável e no entanto...cada vez temos menos...sustentação.

A sustentabilidade tem valor publicitário, vende, mesmo que não se saiba o que é nem como funciona, pressupomos que existe, publicitamo-la, votamos nela, comemo-la e até a vestimos.

É este o paradoxo que encontro, como é que algo que é na essência contra o consumismo, serve exactamente para o promover.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Verdade...

A minha verdade é melhor que a tua.

"dizer que o que é, não é, e o que não é, é, é falso e dizer que o que é, é e o que não é não é, é verdade"
Aristóteles, na sua definição de verdade.

Confuso? só à primeira vista...

Se conheces a verdade toca a campainha.
A campainha soa a falso.


Aceitamos que uma proposição seja verdadeira se for coerente com um conjunto de proposições consideradas verdadeiras, embora uma proposição que seja falsa mas coerente com outro conjunto de preposições verdadeiras possa igualmente ser considerada verdadeira.

Por isso, num plano cognitivo, a coerência em si não basta, mas se possuir para além disso um critério de utilidade ou de vantagem, então será mais um tijolo que não hesitamos adicionar no sistema individual de verdades aceites que construímos com essa argamassa feita de coerência e de utilidade.

Precisamos de construir a parede com que enfrentamos os outros, e sobreviver no dia a dia, essa parede tem de parecer sólida e coerente com aquilo em que previamente acreditamos, não podemos questionar os tijolos que estão na base da nossa parede, tal poderia desmoronar o conjunto, para além de que, colocar tudo permanentemente em causa constituiu um esforço desnecessário e dispendioso dos nossos recursos (tempo e energia).

A interpretação da realidade, filtrada sensorial e culturalmente, ajuda a estabelecer a verdade de cada um, não sendo por isso um conceito universal ou uma propriedade intrínseca, é apenas uma norma interna cujo objectivo é evitar a ilusão metafísica ou o caos conceptual.

Se a busca duma definição da Verdade tem sido frustrante é porventura porque não há nada a procurar.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Catalizador ou inibidor

Ok, sexo é antes de mais um acto corporal, um jogo de silêncios e de percepção sensorial, mas...

...mas de vez em quando apetece verbalizar em jeito de catalizador, de partilha e envolvimento cúmplice...esse catalizador não inclui palavras diccionáveis mas sim outras que as substituem e são muito mais fortes e substantivas.

Não é uma linguagem que ache que funcione na antecipação do acto, aí é o reino da subtileza e do erotismo ou mesmo do humor. Acho até que poderá ser contraproducente, se efectuada fora da “janela de oportunidade”.

Feito este aparte, e como sou educado, (ou preconceituado) não consigo usar calão fora do acto sexual, onde a tesão é máxima, e claro, se a parceira for receptiva, o que é fácil verificar.

Mesmo assim haverá, julgo, uma oratória centrada no individualismo e na auto-satisfação e outra na partilha, na busca da satisfação reciproca, mas atenção, assim como a linguagem corporal pode ser simulada, a teatralização excessiva da linguagem pode ser pior que estar calado.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Homo Economicus

O nosso PR Cavaco num tom de aviso muito sério, veio dizer que não se deve confundir investimento com retorno, dando como exemplo as autoestradas, mas pensando nos TGVs, novos aeroportos...nada que a Manuela já não tenha dito que vai fazer (ou não fazer) se fôr eleita PM.

A máxima agora é nada se pode fazer se não der lucro! Não parece um paradoxo agora que o neoliberalismo, assente excatamente na busca desse lucro, está em crise?

Já fiz dezenas de análises de investimento para muitos projectos, estimando hardcosts, softcosts, comercialização, calculando TIRs e VALs, com critérios pessimistas ou optimistas. Para além da sensibilidade aos parametros iniciais... arbitrados... onde pequenas variações podem provocar resultados contraditórios, há algo que os modelos matemáticos não conseguem quantificar, ou seja tudo aquilo que se convencionou apelidar de intangível.

Se apenas se decidisse em função dos resultados (tangíveis) nem o Centro Cultural de Belém estaria construído. Hoje passados 20 anos, ninguém poe em causa a sua construção ao contrário do coro de criticas da época. Paradoxalemente o nosso PR era então PM...

Pronto lá vamos ficar paradinhos nos próximos anos...enterrar a cabeça na areia e esperar que a tempestade passe...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pensar Imagens

É um cliché... mais vale uma imagem que mil palavras!
Outro: estás a ver o que estou a dizer?
Afinal pensamos em imagens ou em palavras?

Existem hoje diversos argumentos para sustentar que o pensamento existe mesmo sem linguagem e que esta não é mais do que a tradução das representações mentais que a precedem.

A linguagem seria assim apenas um instrumento destinado a comunicar os nossos pensamentos, mas um instrumento imperfeito já que sujeito a demasiadas condicionantes, culturais, gramaticais, interpretativas...

"as palavras faladas ou escritas não têm qualquer interferência nos mecanismos do pensamento...e exprimi-lo é um processo muito laborioso."
Einstien.