terça-feira, 27 de outubro de 2009

consciência

estou deitado na praia. o sol brilha e enche-me de calor. ouço as ondas e vozes longínquas de pessoas que gritam e brincam perto da água. fecho os olhos e uma doce quietude invade-me. experiência subjectiva do mais banal que existe.

entretanto embrenho-me na leitura de um livro que me absorve, rapidamente o som das ondas e das pessoas sai do meu campo de consciência, já não ouço mesmo que as ondas sonoras continuem a entrar nos meus ouvidos e os seus ecos a propagar-se nos meus neurónios. esta informação continua a ser tratada fora da minha consciência que continua embrenhada na leitura do livro.

mas ao mais pequeno ruído anormal, uma onda mais forte por exemplo, a minha atenção é imediatamente solicitada e a minha consciência desviada para esse ruído ao mesmo tempo que a leitura é interrompida. a minha consciência não pára de saltar de um centro de interesse a outro.

li algures sobre o conceito de "consciência flutuante" para exprimir este movimento incessante e encadeado do pensamento que salta em permanência de tema em tema de preocupação.

ps: para os mais atentos apenas digo que resisti a utilizar o clichê da aparição curvilinea... porque teria que mudar o conceito para "consciência ancorada"...

andar por aí

afinal... vou continuar.
gosto dos poucos amigos que aqui tenho.
gosto de partilhar pensamentos, leituras, divagações.
gosto de escrever aquilo que me apetece.
descobri que apenas me aborrecia uma certa "obrigação" de colocar novos posts, quando não tenho nada para dizer... erro meu.
portanto as coisas vão fluir daqui para a frente a um ritmo... aleatório.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Zai Jian


tudo tem um fim... chegou a vez deste blog.
agradeço a todos os que me visitaram durante estes meses, ao seu carinho e boa vontade.
a mim falta-me vontade de continuar... até um dia, sabe-se lá.
estarei sempre disponível para troca de ideias.

zai jian.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

cali

"tu étais presque belle
j´etais pas loins d´étre fidelle
notre histoire devais être um conte de fait
je m´en vais."

cali,le bordel magnifique
comprei este cd ontem um pouco por acaso depois de ouvir este bocadinho.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

sísifo

sísifo, rei grego e homem astuto enganou deuses e prendeu a morte por uma coleira tendo provocado a ira de zeus e por isso foi condenado a carregar uma pedra até ao cimo de uma montanha, voltando imediatamente a pedra a cair, para sísifo a carregar outra vez até ao cimo , caindo outra vez, e assim por diante, uma vez e outra... para sempre.

este mito antigo sempre encantou as pessoas, pois pode-se-lhe atribuir incontáveis significados. poderia simbolizar o perpétuo nascer do sol, as ondas que se desfazem continuamente na praia, sendo o mais comum aquele que representa a nossa labuta constante para voltar a tentar perante o desencorajamento esmagador.

camus viu nele não só essa representação dos ciclos sem sentido da vida contemporanea, e porque não da restante também, mas encontrou a fuga de sísifo à mortalidade e o encontro deste com a liberdade de pensamento.

"...

... Sísifo retornando à sua pedra, neste modesto giro, ele contempla aquela série de ações não relacionadas que formam o seu destino, criado por ele, combinados e sujeitos ao olhar de sua memória e logo selados por sua morte. Assim, convencido da origem totalmente humana de tudo o que é humano, o homem cego, ansioso para ver, que sabe que a noite não tem fim, este homem permanece em movimento. A rocha ainda está rolando.

Eu deixo Sísifo no pé da montanha! Sempre se acha sua carga novamente. Mas Sísifo ensina a mais alta honestidade, que nega os deuses e ergue rochas. Ele também conclui que está tudo bem. O universo, de agora em diante sem um mestre, não parece a ele nem estéril nem inútil. Cada átomo daquela pedra, cada lasca mineral daquela montanha repleta de noite, em si próprio forma um mundo. A própria luta em direção às alturas é suficiente para preencher o coração de um homem.

Deve-se imaginar Sísifo feliz."
http://www.geocities.com/serouseja/camus/sisifo.htm
Albert Camus em "O Mito de Sísifo"

sábado, 3 de outubro de 2009

macho latino

tive uma pequena conversa recentemente com uma amiga, e ás tantas, por qualquer motivo, também me calhou o rótulo de "macho latino".

a coisa teria passado impune dado o ambiente de brincadeira em que se inseria o "piropo" se hoje não me deparasse com um artigo da MFM na revista do expresso exactamente com este titulo. não fosse aquela conversa e possivelmente não estaria a escrever sobre este assunto.

sinceramente fiquei baralhado e sem saber exactamente qual o conceito que se tem de macho latino no ano 2009. aparentemente está em extinção... tal como o lince da malcata mas apesar disso ainda ocupa lugares importantíssimos como é exemplo o 1º ministro berlusconi...

alem disso fiquei a saber que o macho latino é aquele que passa o tempo a fazer apreciações sobre o sexo oposto do tipo "ela é boa como o milho" ou "é da atar e por ao fumeiro" o que revela ao que parece o grau de imaturidade das conversas masculinas... e é claro que as mulheres nunca têm este, ou outro tipo de conversas equivalentes... falam concerteza dos problemas serissimos da vida que levam e das suas elevadas preocupações sobre o presente e o futuro da humanidade...

é claro que sendo homem, me insiro na categoria de macho, e tendo o português como língua materna sou inevitavelmente latino, não podendo negar nenhum dos grupos referidos estou irremediavelmente no conjunto que resulta da intercepção matemática destes dois grupos exactamente a dos "machos latinos".

sendo assim, na minha condição de macho, de latino, e de conversar com os amigos ou colegas de trabalho na hora do almoço sobre mulheres, faço parte dessa torpe que a MFM acha que está em vias de extinção... logo eu que estou aqui para as curvas e durar mais umas décadas...

apenas mais uma constatação da MFM... diz que ainda existem traços do Neandertal nestes espécimes. bonito. que eu saiba ainda não foi descoberta nenhuma espécie à face da terra apenas constituída por machos...quanto muito há aí umas hemafroditas.

portanto, um pouco de conhecimento de antropologia seria suficiente para saber que existem macho latinos na mesma medida em que existem fêmeas latinas, sendo estas tradicionalmente as principais educadoras dos seus rebentos, não antevejo uma extinção a prazo (se a acusação de macho latino se resume aos parágrafos anteriores).

resta-me ir à procura de uma fêmea latina que me compreenda... será difícil encontrar?

ps1: bem sei que o assunto apenas se destina a vender revistas...penso eu de que.
ps2: será que o gosto pelo sexo está a ser confundido com alguma caracteristica latina especifica ? e os outros, os germânicos, os saxões, os indianos, os asiáticos ? são o quê? não gostam de sexo? como é que se reproduzem?