quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

sentimento oceânico

freud em " o futuro de uma ilusão" analisa a religião como uma forma de regressão do adulto ás emoções da infância. a submissão dos homens para com deus é como a criança que se confronta com a sua fragilidade. face aos escolhos da vida recorrem ambos à figura paternal, o pai no caso da criança e deus no caso do adulto, para buscar apoio e protecção.

sendo sem duvida redutor assimilar a religião a uma regressão psicológica, alguns místicos virados para a espiritualidade oriental evocaram um outro estado de consciência, o sentimento oceânico, uma impressão estranha de fusão com o cosmos, onde a consciência se dissolve num grande todo. muitos ocidentais new age partiram para a índia esperando efectuar a experiência do sentimento oceânico praticando o misticismo, com muitas drogas à mistura.

finalmente as neurociências tentaram ver se havia alguma relação deste sentimento com algum estado particular do cérebro e conseguiram medir em pessoas que praticam a meditação transcendental uma queda da actividade do cérebro no córtex parietal que... adormece. ora esta área é responsável pela orientação espacial e pela percepção da posição relativamente ao ambiente circundante. a inibição desta área do cérebro favorece assim uma espécie de sentimento de indiferenciação entre o ser-se e o não ser-se.

os homens sempre muito criticados pelo seu comportamento pós-coito, de não conversarem e de adormecerem com facilidade têm aqui um belo álibi..." porque querida adorei, foi perfeito, fiquei numa espécie de êxtase transcendental, uma espécie de sentimento oceânico de fusão contigo..."