segunda-feira, 29 de junho de 2009
vida circunstancial
Jeam Paul Sartre
ando com pouco tempo para realizar o meu projecto, escravo dos prazos, escravo do tempo, escravo das circunstâncias, será que estes outros actos não tão voluntários também contam, ou só eles acabam por contar.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
o melhor dos mundos
quarta-feira, 17 de junho de 2009
eficácia do não-agir

este não-agir não significa passividade mas sim uma forma de se colocar em sintonia com o processo, encontrar os factores favoráveis e explorar o potencial da situação. no vietnam os americanos utilizaram uma estratégia de batalha organizada e soçobraram perante a estratégia de desestruturação e de guerra psicológica... se o inimigo chega descansado, começa por cansá-lo, se chega unido, começa por desuni-lo, se está saciado, esfomeia-o, não o destruas, mas inicia um processo de desestruturação, condiciona-o de tal forma que quando o atacares já estará vencido.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
via lactea

esta condenação teve eco em médicos, em kant, rosseau, voltaire, em enciclopédias ... tornou-se numa ameaça paradoxal no momento em que se dá a reviravolta para a modernidade nascente que valoriza a imaginação, o excesso e a intimidade... o masturbador é visto demasiado moderno, descontrolado e incontrolável, representando, de certa forma, uma ameaça para a sociedade e é assim denunciado.
claro que a igreja se coloca do lado da proibição dos prazeres terrenos onde a única virtude é a castidade absoluta e a finalidade de vida é a sua própria expiação em nome da promessa paradisíaca do além com a ressurreição da alma.
um longo percurso pois até ás batalhas do femininismo (a libertação sexual) ao direito do prazer a solo das mulheres e ao vibrador, porque os homens esses continuaram impunemente a esgalhar o pessegueiro.
a nossa relação (dos homens) com os sex-toys é no entanto curiosa para não dizer contraditória. se porventura os aceitamos como catalisadores sexuais femininos, se gracejamos e os aceitamos em grupo restrito em sinal de modernidade, e temos curiosidade em relação a eles, essa curiosidade e aceitação não passa a maior parte das vezes a porta da nossa própria casa.
e se as mulheres reconhecem o clitóris como a parte mais importante do corpo na estimulação sexual, continuam a considerar a penetração como o acto central para o seu parceiro apesar do pouco talento dalguns em estimular simultaneamente o clitóris. os sex-toys ajudam a resolver este dilema permitindo a estimulação clitoriana durante a penetração.
"os homens não servem para nada mas mesmo assim gostamos deles"
talvez seja esse o medo masculino que se esconde na aceitação destes objectos. mas mesmo por parte das mulheres, as bolas de geisha, por exemplo, são igualmente recebidas com perplexidade, nem fálicas nem vibrantes, são incompreensíveis por requerem uma vagina activa ao solicitam alguns músculos apenas treinados em aulas pré-parto... uma pena, um desperdício.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
o sapo e a cerveja

a primeira parte encena um conto de fadas muito conhecido: uma jovem caminha ao longo de um rio, avista um sapo, leva-o ao peito, dá-lhe um beijo e, evidentemente o sapo feio transforma-se, como por milagre, num belo moço.
mas a história não acaba aí. o moço lança um olhar cobiçoso para a jovem, atrai-a a si, beija-a, e a jovem transforma-se numa garrafa de cerveja que ele brande triunfalmente...
no que diz respeito à mulher, o seu amor (indicado pelo beijo) faz do sapo um belo homem, uma presença fálica plena e inteira... em compensação o homem reduz a mulher a um objecto parcial, causa do desejo...
... o que nunca obtemos é o par "esperado" da linda jovem com o belo moço, porque o suporte fantasmático desse "par ideal" teria sido a figura inconsistente de um sapo beijando uma garrafa de cerveja."
em, a subjectividade por vir - Slavoj Zizek
sábado, 6 de junho de 2009
boa morte
na tradição desta região pobre, as pessoas que atingem 70 anos suicidam-se desta forma. esta senhora não tem ainda essa idade mas, mesmo assim, decide morrer. não age por desespero mas para deixar lugar à sua filha e à sua segunda neta que está para nascer.
será esta uma morte desejada?
esta história de eutanásia, de boa morte, mostra que não é apenas uma questão moral como muitos a querem reduzir discutindo detalhes técnicos e jurídicos e condenando quem a acciona, é também uma questão cultural e social.
quando mais de 70% das mortes se dão em hospitais, numa altura em que algumas funções vitais estão irremediavelmente diminuídas e a sobrevivência dependente de assistência medica pesada, gostaria de saber que chegado a esse estado poderia preservar a minha dignidade e partir tranquilamente.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
emoções negativas

assentam todas na recusa da experiência emocional, afastar a tristeza, negar a frustração, mesmo recusar a felicidade para não ter que sofrer com o seu fim posterior, adiamos, depois continuamos a ruminar.
o oposto consiste em "tirar o vapor à panela de pressão" antes que ela expluda, um condutor enraivecido no meio do transito, baixa a cólera gritando, batendo em algo, mas parece-me que também não é solução... depressa frustrações posteriores necessitarão de mais violência.
a solução? usar bem as emoções procurando partilhá-las com a razão. aceitar, essa palavra fácil de dizer e difícil de concretizar, aceitar enquanto experiência sem julgamento, sem antecipação nem ruminação, exercitando a atenção no presente e procurando viver emoções positivas.
o espírito reina... mas não governa.