
no universo profissional, os recursos humanos só reconhecem duas categorias - júnior e sénior - , como se fossemos sempre ou demasiado jovens ou demasiado velhos para trabalhar.
o que sobra para a fase adulta é uma faixa cada vez mais reduzida, e é nela que se descarrega todo o peso da existência, num punhado de anos todas as frentes se abrem simultâneamente, é preciso uma casa, fazer carreira, criar os filhos, entregar-se aos tempos livres, fazer viagens maravilhosas, pensar no futuro e em si próprio tudo enquanto se gere o quotidiano, em resumo é preciso triunfar na sua vida.
mas quando é que nos sentimos adultos, quando é que atingimos a maturidade?
aventureiros tardios e pais precoces, cada um terá a sua história para contar, mas provavelmente não andará longe de uma resposta em torno da triologia: experiência - relação com o mundo; responsabilidade - relação com os outros e autenticidade - relação consigo próprio.
experiência não é ter visto ou feito tudo, é pelo contrário ser capaz de fazer face a situações que nunca vivemos, situações novas ou excepcionais, ser capaz de integrar novos acontecimentos em grelhas de interpretação, pegar no fio de uma meada.
responsabilidade não apenas dos seus actos, mas responsável pelos actos de outros, ou seja sentir deveres e obrigações mesmo em relação àqueles que não pediram nada, filhos, alunos, colegas mais novos...
ser autêntico "tornares-te naquilo que és", nada mais difícil, encontrar o caminho entre a plenitude do ser-se e o vazio existencial.
reconciliar-se com o mundo, com os outros e consigo próprio não é uma tarefa simples e requer mais tempo e dedicação, e em face dela é natural que de vez em quando possamos sentir-nos cansados de ser adultos.