quinta-feira, 30 de abril de 2009

Etica Financeira

Face ás convulsões económicas que atravessamos faz sentido continuarmos a apostar em mais do mesmo?
As empresas têm valor ético? As pessoas têm mais direitos que as empresas?
Á primeira vista a resposta parece ser, não.

Nos anos 70 as coisas eram simples, quanto maior era a empresa maior os salários dos seus dirigentes, por isso esses gestores, PDG´s, President Directeur General, procuravam maioritariamente fazer crescer as suas empresas diversificando as aquisições e construindo impérios. Esses conglomerados eram o modelo de empresa da época.

Nos anos 80, surgiram as empresas especializadas em Oferas Públicas de Aquisição hostis, OPA´s, que depressa passaram a ser a nova elite, e cujo papel consistia em adquirir os conglomerados anteriormente constituídos e de seguida proceder à venda das suas actividades periféricas, para fazer crescer o seu valor em bolsa.

Estas operações requeriam o recurso a investidores institucionais que incitaram as empresas a se concentrar numa única actividade em detrimento da diversificação, reservando-se a eles próprios o papel de gestão de carteiras, e ás empresas apenas a gestão da sua competência especifica, abrindo assim as portas á deslocalização.

Os gestores destes fundos de investimento exigiram aos PDG´s que se concentrassem no valor em bolsa já que a sua remuneração dependia do crescimento do valor das suas carteiras, encorajando simultaneamente os conselhos de administração a indexar a remuneração dos PDG´s ao valor das respectivas acções. As "stock-option", ou seja, largas fatias da empresa, surgiram assim como complemento de remuneração, permitido a sua venda a preços correntes com preços de aquisição do ano anterior... simples.

Nos anos 90, o numero de analistas financeiros explodiu... para além do simples facto de trabalharem para bancos com interesses em empresas que eles próprios eram incumbidos de avaliar, geralmente eram competentes apenas num único sector de actividade mas acabavam por influenciar muitos outros. A estratégia dos PDG´s passou a ser a de se fazerem notar por estes analistas como forma de influenciar o valor as suas acções em bolsa.

Os ganhos passaram a ser estimados trimestralmente, aumentando a quantidade de estimativas das agências financeiras, servindo estas estimativas para influenciar o valor das acções e em consequência o remuneração dos gestores. A Fortune 500 estimou que os ganhos destes PDG´s foram multiplicados por 100 em 30 anos.

Claro que a meio caminho foi preciso contratar Directores Financeiros para gerir a imagem pública destas empresas e fazer declarações de dividendos, por forma a influenciar as estimativas dos analistas. A certa altura era até mais importante a capacidade de os surpreender do que os ganhos que se anunciavam.

A batota e a mentira, faz assim parte deste sistema intrincado de interesses cujo objectivo final é o lucro... não é demais lembrar que o lançamento de "junk bonds" para financiar as OPA´s hostis esteve na base de crash de 87, e agora os hedges funds estão da base da actual.

3 comentários:

tronxa disse...

muito gostava eu de perceber mais um cadito de economia...

alias, pensando melhor, estou bem assim, pk com o pouco k sei, ja me arrepio no dia a dia...

bjnhsss

alfabeta disse...

Só o lucro importa infelizmente e anda tudo na batota, já não se pode acreditar em ninguém, até mete nojo.

Vulgar disse...

tronxa
...pode ser um bom principio, ficar assim.... mas por outro lado já vi grandes discussões sobre se deveríamos ou não ensinar a ler os analfabetos...acho que daria um bom post.
bem vinda á minha chafarica.
bjs

alfabeta,
nem nas palavras nem mesmo nos contratos escritos...mas isso é outra história, o dinheiro sobrepõe-se a tudo.
bjs