" a vulgaridade é a água forte da mediocridade. na ostentação do medíocre reside a psicologia do vulgar; basta insistir nos traços suaves da aguarela para se ter água-forte.
... é uma acentuação dos estigmas comuns a todo o ser gregário; apenas floresce quando as sociedades se desequilibram em desfavor do idealismo. é a renuncia ao pudor daquele que carece de nobreza. nenhum trabalho original a comove. desdenha o verbo altivo e os romantismos comprometedores. sua zombaria é pouco consistente, sua palavra muda, seu observar opaco...
... repudia as coisas líricas porque estas obrigam a pensamentos muito altos e a gestos demasiado dignos. é incapaz de estoicismos: sua frugalidade é um cálculo para gozar mais tempo dos prazeres, reservando maior perspectiva de gozo para a velhice impotente...
... admira o utilitarismo egoísta, imediato, pequeno, contado. posto a eleger, nunca segue o caminho que lhes indique sua própria inclinação, senão o que lhes marcaria o cálculo dos seus iguais. ignora que toda a grandeza de espírito exige a cumplicidade do coração...um pensamento não fecundado pela paixão é como um sol de inverno, alumia, mas sob seus raios pode-se morrer gelado...
...a vulgaridade transforma o amor da vida em pulsanimidade; a prudência em covardia; o orgulho em vaidade; o respeito em servilismo. leva à ostentação, à avareza, à falsidade, à avidez e à simulação..."
em "o homem medíocre" de José Ingenieros
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6 comentários:
Nunca entendi porque ser vulgar é tão mau, porque teremos todos de olhar a originalidade como meta.
Sou vulgar, e dentro da minha vulgaridade tenho alguma paz, uma vez que o conformismo de ser vulgar é também o meu escudo contra pseudoinvulgares.
Lamento mas não concordo como "teu" texto.
Mas mereces um beijo meu na mesma :)
Adorei o teu comentário porque foi também o que senti quando li este texto.
Achei no entanto piada ao livro, especialmente ao capitulo dedicado à vulgaridade, que é de certa forma o perfil que adoptei para o meu blog.
Também porque esta é uma obra datada com cerca de 100 anos mas que mantêm em certas vertentes alguma actualidade embora demasiada enraizada na dualidade de alma e corpo que é coisa que hoje em dia está mais que ultrapassada.
É aliás esse erro da dualidade que leva a sublimação da nobreza de certos sentimentos igualmente datados no tempo, e que desprezam intencionalmente a verdadeira essência da nossa existência e a pulsão de vida que a sustenta.
E também estou de acordo contigo quanto à busca desenfreada da originalidade a qualquer custo conforme o meu post de Maio sobre Arte...
Por isso, aceita o meu beijo
Passando p/ te deixar um carinho e me desculpar pela minha ausência.
Tem selinho no Atrevida p/ vc
Bjssssssss com carinho
Hellena
Só um pequeno comentário á música....parabens pela escolha.
Magnifica
Beijo
Cara Hellena,
Obrigado pelo teu carinho... e pelo selo...
um beijo
Silenciosa,
... pelos vistos temos coisas em comum... e o silêncio não é uma delas.
mas fiquei curioso...
um beijo.
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