sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Autobiografias


não gosto de autobiografias.
normalmente são racionalizações efectuadas à posteriori.
colocam retrospectivamente o passado do ponto de vista do presente.

ora uma vida faz-se de uma pluralidade de trajectórias possíveis onde o resultado final é concerteza o produto de decisões individuais, mas também de circunstâncias, de acidentes extremos, do improviso.

todos nós já nos pusemos a imaginar o que teria sido a nossa vida se não tivéssemos tomado certa decisão, conhecido certa pessoa, escolhido determinado local para viver ou trabalhar.

isto tudo a propósito de uma certa situação onde fiz a retrospectiva da minha vida para outra pessoa... claro que se omite o que nos parece ser mau e enaltece o bom... não só intencionalmente mas também porque a nossa própria memória já se encarregou de diluir o que não serve e sublinhar o que pode ser útil.

deve ser a isso que se chama "dourar a pílula" e constitui uma forma de aumentarmos a nossa auto estima.

em conclusão diria que qualquer autobiografia é apenas parte de uma realidade que foi filtrada, amassada e reeditada para um certo propósito, o que se torna provavelmente ainda mais evidente nas biografias autorizadas ou não.
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