segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

cada um com o seu polo norte
o homem vulgar, por mais dura que lhe seja a vida, tem ao menos a felicidade de a não pensar. viver a vida decorrentemente, exteriormente, como um gato ou um cão — assim fazem os homens gerais, e assim se deve viver a vida para que possa contar a satisfação do gato e do cão.

pensar é destruir. o próprio processo do pensamento o indica para o mesmo pensamento, porque pensar é decompor. se os homens soubessem meditar no mistério da vida, se soubessem sentir as mil complexidades que espiam a alma em cada pormenor da acção, não agiriam nunca, não viveriam até. matar-se-iam de assustados, como os que se suicidam para não ser guilhotinados no dia seguinte.

Fernando Pessoa

2 comentários:

Sensualidades disse...

sera a maneira mais correcta?

Jinhos
Paula

Vulgar disse...

Quem sabe Paula?
bjs