segunda-feira, 4 de maio de 2009

Era do Individuo

Somos o quê nesta «era do individuo»? Metrossexuais, hipermodernos, excessivos, obcecados...o que é que hoje somos, e o que é que deixamos de ser?

Cuidamos mais do aspecto exterior do corpo, o corpo é uma preocupação central, basta visitar as nossas cidades para detectar a sua omnipresença, boutiques, lojas, produtos cosméticos, centros de estética, tatuagens, ginásios, novos medicamentos e novas técnicas cirúrgicas para o melhorar e alterar. Em poucas décadas passamos do corpo dominado pela natureza para o corpo auto-modelado não só na sua aparência exterior mas também no seu interior, desde que eliminamos as dores e o sofrimento (já nem sequer nos lembramos que até aos anos 40 e 50 os médicos eram impotentes para o seu alivio).

Por todo e lado nos dizem que "tempo é dinheiro" por isso queremos dominar o tempo, tudo passou a ser urgente, tudo é sempre tão urgente, que a urgência passou a ser a norma, a tecnologia permite-nos fazer mais coisas... mas temos que fazer muito mais coisas no mesmo tempo, e o tempo social rarifica-se. O telemóvel, os mails e a internet dão-nos o sentimento de poder vencer o tempo e de o poder dominar, uma vez que estamos ali «contactáveis» mas é pura ilusão. O tempo cadenciado marcado pelo ritmo das estações e das colheitas, do Inverno e do Verão, foi comprimido e tornou-se um tempo instantâneo.

Passamos assim a viver também de relações flexíveis e efémeras, a existência subjectiva torna-se dependente do exterior, está subordinada à relação com os outros, a fluidez e a flexibilidade dos sistemas económicos actuais impõem o imediatismo que passa para a instantaneidade das relações, deixamos de ter a capacidade do compromisso a longo prazo, o nosso carácter foi corroído. Mesmo na educação dos jovens lhes dizemos que o que conta é a capacidade de adaptação e de mudança, que já não há empregos para a vida. As relações começam tão depressa como acabam e somos actores que desempenhamos papeis múltiplos simultâneos.

Queremos mais, cada vez mais, jogamos no limite, na hiperactividade, abandonamos o equilíbrio característico do homem honesto e de família do passado, pulverizado pela abolição dos corpetes nos anos 30 e pela queima dos soutiens nos anos 60, vivemos a 200 à hora numa explosão sensorial, do gozo imediato e dos excessos de álcool, drogas e sexo.

Nesta aceleração de um tempo pulverizado, o aqui e agora sobrepõe-se ao eterno desfazendo o conceito de deus, resta espaço para um deus instantâneo alojado no interior da consciência e que com ela se confunde, somos o nosso próprio deus.

Alexis de Tocqueville, no seculo XIX foi premonitório "... no momento em que eles desesperam para viver uma eternidade, estão dispostos a agir como se não houvesse amanhã..."

10 comentários:

tronxa disse...

eu sou uma mocinha de sorrrrte!!!

graças á santa k nasci numa geraçao qu ainda se dava valor ás relaçoes de amizade...

como tal, kero k o resto do mundo se fo...lixe!!!

nao abdico dos amigos nem k a vaca tussa...

e velocidade 200???

é coisa que nao pratico!! so se me der jeito para chegar a tempo de ainda ver o por do sol com os amigos, á beira mar!!!

bjnhsss

Anónimo disse...

Não posso concordar mais com as tuas palavras. É o espelho do que se passa à nossa volta!

bjs
boa semana :)

loirices disse...

por enquanto parece-me que estão só desesperados com a eternidade, se não aproveitavam melhor o dia-a-dia e deixavam-se de merdas. :-)

Iris Restolho disse...

As amizades são tão difíceis de conseguir e manter, que as que se têm, devem ser estimadas como amantes.

Boa semana!

Vulgar disse...

tronxa,
também gosto do nascer do sol...
bjs


korrosiva,
claro que o "meu" espelho reflecte outra coisa...
bjs

loirices,
pois deixavam-se.
bjs

Iris,
como amantes? e depois como é que se tratam as amantes?
mas percebo o teu ponto de vista.
bjs

... disse...

È assustador a velocidade que se vive, a maioria ainda não percebeu o verdadeiro significado de "Carpe Diem"

obrigado pela visita

pecado original disse...

É obvio que o mundo hoje em dia é uma vulgaridade.

Vulgar disse...

Felina,
... é, e esse significado é "manhoso".
bjs

pecado original,
vulgo, logo existo... logo tentemos construir dias especiais...
bjs

alfabeta disse...

Mudam-se os tempos...


;)

Vulgar disse...

alfabeta,
...mudam-se as vontades... mas mais lentamente...
bjs